Como Planejar pode ser uma malandragem!

Roda de Samba no Rio de Janeiro nos anos 60

Tempo médio de leitura: 5 minutos

Quer saber quando, como e por que planejar pode ser uma malandragem? Sim, uma malandragem. Se você nunca pensou nisso, vou explicar. Você deve conhecer este samba:

“Malandro é o cara

Que sabe das coisas

Malandro é aquele

Que sabe o que quer

Malandro é o cara

Que tá com dinheiro

E não se compara

Com um Zé Mané

Malandro de fato

É um cara maneiro”

O que você vai ler aqui

Antes de avançarmos, um pouco sobre este sambinha.

Acima de tudo, uma grande letra de um grande samba, do grande Bezerra da Silva (1927-2005). Neste samba ele retrata dois tipos de pessoas:

– O Malandro, que é bem-sucedido;

– O Mané, aquele que tenta ser o malandro, mas não consegue. E, por isso, é o Mané.

Sobretudo dentro do contexto daquela “malandragem carioca” do samba das décadas de 60-70 do século passado, é uma letra perfeita e, talvez por isso, uma música muito conhecida até hoje.


1. A Malandragem no contexto

Contudo tem algo neste samba que me intriga?

Que em pleno século XXI encontramos muitas pessoas que se comportam como “Malandros e Manés” no dia a dia. E muitas pessoas que acham a malandragem uma boa ideia.

Assim, vamos contextualizar um pouco melhor sobre qual ambiente estamos falando: o Malandro se utiliza do jeitinho ou do “jeitinho brasileiro” para ter sucesso.

Porém, quando esta forma de pensar e agir é utilizada no trabalho poderemos ter problemas sérios.

Então, nosso contexto é o AMBIENTE PROFISSIONAL ou nosso trabalho do dia a dia.

2. A Malandragem e o trabalho

Dentro de um ambiente profissional eu gosto de afirmar, em minhas aulas, palestras ou cursos, que o planejamento deveria tomar, no mínimo, 60% do tempo de uma negociação ou de um atendimento de vendas.

Muitas pessoas concordam comigo. Porém, logo a seguir, ouço as seguintes frases:

Não tenho tempo para planejar.
Planejar é secundário. Estou tão envolvida com o dia a dia que não consigo.
Tive experiências muito ruins quando participei com o Planejamento Estratégico e perdi a vontade de planejar.
Tentar planejar eu tento. Faço planejamento da minha semana e até do meu dia. Porém, quando começam os “incêndios”, jogo o que planejei no lixo.
Desisti de planejar. São tantos “incêndios para apagar” que não dá.
Gosto de trabalhar sob pressão. E a pressão surge com os imprevistos. Por isso eu adoro trabalhar assim.

Bem como, temos aquelas pessoas que acham que um Gestor de Vendas deve estar o tempo todo no campo, “onde as coisas acontecem”.

E acham que quando ele está na empresa ou dentro de uma sala pensando ou escrevendo algumas coisas ele está “matando trabalho” e não está fazendo o que é pago para fazer: agir e vender.

3. Vamos falar sobre planejamento?

Vou direto ao ponto, um bom processo de planejamento passa por:

1. FERRAMENTAS adequadas, simples e práticas, que façam sentido para quem está usando

2. TREINAMENTOS pois não se mudam hábitos estabelecidos ao longo de anos em apenas uma convenção de vendas e/ou workshop e/ou reunião;

3.ACOMPANHAMENTO, pois nada adianta planejar e não executar. Mais ainda, de nada adianta a execução sem um acompanhamento adequado para mostrar ao vendedor os erros e acertos que ele está cometendo e fazer com que o planejamento tenha algum significado para ele!

Nesse sentido, reproduzo um texto publicado na revista Exame, há muitos anos. Ele fala em preparação ou planejamento em uma negociação.

O que saiu na Exame sobre isso.

Agora, ele facilmente ele pode ser adaptado para outras atividades sejam elas de vendas ou não.

“Executivos brasileiros amarelam mais do que os de outros países para negociar – e o remédio é parar com o “jeitinho brasileiro”.

“Na hora a gente dá um jeito”. Se você nasceu no Brasil, muito provavelmente ouviu essa frase em algum – ou vários – momentos da vida. Para o consultor em gestão de pessoas Eduardo Ferraz, o pensamento expressa a maneira encontrada pelos brasileiros para driblar as dificuldades. Mas a consagração do improviso cobra seu preço – e ele pode custar caro na hora de fechar negócios.

O segredo de qualquer negociação com resultado razoável é a preparação, mas o brasileiro tem como característica cultural se preparar pouco, acreditando que na hora H tudo dará certo.

O pensamento estaria na gênese do suposto medo dos executivos em sentar-se na mesa de negociações.

Sem embasamento para enfrentar eventuais questionamentos, muitos acabariam não se expondo para evitar a mera perspectiva de fracasso.

Segundo pesquisa do LinkedIn, os profissionais daqui são os que mais temem o ato de negociar, seja em nome da empresa ou dos seus próprios interesses dentro da corporação.

Enquanto 6% dos entrevistados em oito países disseram ter receio de situações como essas, por aqui o percentual subiu para 21%. “

Frequentemente, o jeitinho brasileiro representa a incapacidade das pessoas em perceber e valorizar a importância de pensar e avaliar, com antecedência, sobre um problema ou sobre uma situação em específico.

– Pensar dói! 

Um grande amigo tem uma frase épica, que representa muito bem estes casos: “Pensar dói”. Essa dor pode ser física quando “quebramos a cabeça” para tentar resolver o problema e vamos à exaustão.

Às vezes esta dor pode ser simbólica ao significar que, ao pensar e planejar uma determinada situação ou ação, a pessoa está, na verdade, assumindo um compromisso de controlar as intenções e ações para que consiga atingir o resultado esperado.

Então, eis que aparece um paradoxo: as pessoas têm medo do fracasso e por isso não se preparam adequadamente para ter sucesso.

“Não se preparar bem é preparar-se para o fracasso”.

4. Por que as pessoas têm medo de Planejar?

Apesar disso, por que planejar pode representar uma malandragem e, mais por que as pessoas não se preparam adequadamente para um atendimento ou para uma negociação de vendas?

Acredito que alguns destes motivos podem responder à pergunta:

  1. Se elas se prepararem bem e, mesmo assim não chegarem ao resultado esperado, a frustração será maior do que se não houvessem se preparado.
  2. Quando uma pessoa se prepara bem, ela não pode culpar os outros pelo seu insucesso.
  3. Na visão de alguns, o planejamento – ou a preparação – engessa as ações tirando a oportunidade do improviso.
  4. A cultura do jeitinho brasileiro, ou do jogo de cintura já está arraigada e quem não segue esta cultura é visto como outlier, mas não pelo lado positivo.

Porém, a minha opinião sobre “Malandro é Malandro e Mané é Mané” é que, quem usa a cultura do jeitinho é Mané.

Logo, como planejar pode representar uma malandragem?

Qual é o Plano?

Vamos ver o copo meio cheio e mudar um pouco a definição de Malandro para Malandro é quem faz uma boa preparação e um bom planejamento. E, neste caso, saber como Planejar pode ser uma malandragem, muda de sentido.

Isso vale para as suas finanças pessoais, para a gestão do seu tempo, para aquela reunião de trabalho ou para quem trabalha com vendas. O “malandro” é aquele que faz, implementa e acompanha um planejamento formal ou informal.

Como Planejar pode ser uma malandragem porque esta pessoa que planeja as atividades do dia, da semana, do mês, um atendimento de vendas, um roteiro de conversa ou uma negociação complexa está agindo de uma forma diferente da maioria das outras pessoas.

Ela planeja!

Malandro é quem sabem que ter um planejamento não é algo escrito na pedra e pode ser modificado. Em outras palavras podemos ter um certo jogo de cintura e usar o planejamento como um roteiro de atuação.

Para que isso aconteça, basta você repetir várias vezes ao dia esta pergunta bem simples:

– Qual é o Plano?

Para terminar

Finalizando, para quase tudo na sua vida você pode utilizar esta pergunta:

– Qual é o Plano?

Mas, caso a pergunta pegue as pessoas de surpresa ou a resposta seja insatisfatória, seja Malandro e elabore um Plano.

Lembre-se desta pergunta várias vezes ao dia:

– Qual é o Plano?


Observações:

Saiba mais em nossas outras publicações Sou Consultor Imobiliário e nas publicações sobre o mercado de trabalho para quem tem mais de 40 50 ou mais anos de idade. São conteúdos para quem está nestes grupos ou para quem tem interesse nestes grupos.

Este texto foi escrito em português do Brasil. As palavras entre aspas são usadas para descrever figuras de linguagem ou termos que podem ser considerados polêmicos por alguns indivíduos. Eles não representam nenhum preconceito ou posição sociopolítico, filosófico, religioso, econômico ou ideológico.diminuir o tamanho da letra para ser o texto final
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